Votuporanga Antiga –
Por: Ravel Gimenes – ravelgimenes@gmail.com–
Comparada a outras cidades, Votuporanga é considerada uma menina – já que são apenas 83 anos de vida. Hoje iremos contar um pouco da história do Sr. Sebastião Almeida Oliveira, o cartorário da nossa vizinha Tanabi, que esteve por aqui (até mesmo antes da fundação) e ajudou a escolher o nome da nossa cidade. É de suma importância frisar que nesse texto destacaremos um resumo da história desse grande personagem, já que seria necessário um número muito maior de páginas para abordar toda a sua história de estudos e trabalho junto ao noroeste paulista.
Sebastião Almeida Oliveira nasceu na cidade de Monte Azul Paulista, no dia 08 março de 1904. Desde criança sempre trabalhou na roça enquanto se dedicava aos estudos no período noturno. Foi dessa maneira que, por correspondência, concluiu o curso de agrimensura. Em 1927 chegou à Tanabi para assumir o cartório de registros civis da cidade, desempenhando a função de Tabelião. Casa-se em 1930 com a Sra. Carmen e juntos, têm um filho, mas por acaso do destino este veio a falecer. Após esse triste episódio, o casal adotou as meninas Luzia e Sônia.
A ligação com a cidade de Votuporanga, segundo estudos e até uma entrevista com o próprio Sebastião, ocorreu através da sua amizade com o Sr. Germano Robach. Vamos entender melhor a questão: um dos representantes da empresa Theodor Wille & Cia Ltda, o engenheiro Guilherme Von Trumbach, em conversa com o Sr. Paschoal Albanese (que fora contratado para retalhar as terras), recebe do próprio Paschoal e outros participantes a sugestão da fundação de um patrimônio (pois até então a ideia era desmembrar a fazenda marinheiro e seus 12000 alqueires em partes menores).
Animado com a nova questão, Guilherme Von Trumbach incumbiu o Sr. Paschoal de encontrar alguém para lavrar a ata de fundação e escolher o nome da cidade. Então, por sugestão de Germano Robach, o Sr. Sebastião recebeu o convite para exercer essa tarefa.
Sebastião relata que ao percorrer os entornos dos longínquos 12 mil alqueires chegara em um local onde encontrou uma antiga placa com a descrição “Fazenda Votuporanga”. Esse fato norteou a escolha do nome da cidade. A história é descrita em todas as entrevistas que o discreto senhor Sebastião deu durante a sua vida. Ele também foi responsável por lavrar a ata do dia da fundação, que contou com inúmeros munícipes da cidade de Tanabi, incluindo o Prefeito e a banda municipal.
Sebastião Almeida Oliveira foi cartorário titular na cidade de Tanabi, desde 1927 até 1966. Era estudioso de Heráldica (ciência cujo objeto é o estudo da origem, evolução e significado dos emblemas blasônicos, assim como a descrição e a criação de brasões), participou da criação de vários brasões, dentre os quais de Tanabi e de Votuporanga e também auxiliou na escolha do nome da cidade de Cosmorama.
Ainda segundo o Prof. Antonio Caprio: “…era filiado ao Instituto Geográfico e Geológico de São Paulo, de Belo Horizonte e de Goiás, bem como membro da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, Buenos Ayres e Washington, da União Brasileira dos Escritores, Seção São Paulo, da Confraternização Universal Balzaquiana de Montevidéu, da Sociedade Etnográfica e Folclore do Instituto Genealógico de São Paulo, do Centro de Ciências e Letras e Artes de Campinas, da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, da Liga Brasileira de Esperanto, onde era Delegado no Brasil, se comunicava facilmente em francês, espanhol, inglês, italiano e esperanto. Escreveu e publicou os seguintes livros: Expressões do Populário Sertanejo (1940), Folclore e Outros Temas (1948), Garcia Redondo (1942) e Subsídios para a História de Tanabi (1977).”
Sebastião Almeida Oliveira faleceu em 09 de março de 1993, na cidade de Tanabi e seu velório ocorreu na Câmara Municipal da mesma cidade. Em Votuporanga sua memória ficou registrada através da LEI Nº 8.614, DE 23 DE MARÇO DE 1994 – Artigo 1.º – que denominou “Sebastião Almeida Oliveira” a Escola Estadual de 1.º Grau, localizada no Bairro São Cosme e São Damião, em Votuporanga.
Imagens: Álbum da Comarca de Rio Preto, Aparecido Santana e Prof. Antonio Caprio.