Psiquiatria, Psicologia e Religião

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Por José Rubens Naime –

Sou médico psiquiatra, formado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), e analista Junguiano , com pós graduação em Psicologia analítica junguiana, pela Universidade São Francisco, de São Paulo (Bairro do Pari), portanto habilitado tanto para lecionar como para atender pacientes.

Tenho pensado muito nestes tempos fundamentalistas religiosos, o perigo que estamos passando, socialmente, que sejamos influenciados e “engolidos” por esses ventos que estão sobre nosso pais.

Meu foco é cientifico e não religioso. Fui formado tendo a ciência como paradigma dos meus atendimentos. Os autores que estudei, sofreram muito para implantarem um pensamento cientifico nas disciplinas que mencionei na chamada.

A psiquiatria, tem historicamente um caminho que vem da idade media, com o problema das possessões, compreendidas como obsessões malignas, ou seja, demoníacas. Quantas pessoas adoeceram e foram compreendidas como endemoninhadas e levadas ao fogo das fogueiras. Não estou julgando a época, pois que assim eram compreendidas as doenças mentais. Ou eram de Deus ou eram do demônio, já que o fundamentalismo religioso permeou a sociedade por 1.900 anos (mil e novecentos), até surgir a era cientifica.

Com o surgimento da era científica, foi necessário adaptar-se aos tempos as crenças religiosas e mudar a forma como eram vistas e julgadas.

Até 1920, quem padecia de doenças mentais, eram praticamente torturados em manicômios, pois a moral tradicional encarava a manifestações das doenças como problemas de “tara” moral, já que muitos pacientes ao perderem o controle moral, devido a doença, criavam situações de nudez ou exposição sexual, sem controle consciente (como ainda ocorre, portem hoje , vistos de outra maneira)

Para colaborar com a psiquiatria, surgiu a psicanálise, na compreensão do que levava ou leva alguém a adoecer mentalmente, também do ponto de vista médico psiquiátrico científico e não religioso.

Passou-se a respeitar a religião como pratica privada de cada um, mas a se empregar métodos conforme a ciência nos casos psiquiátricos e psíquicos.

Os códigos  de Ética da psicologia e da Medicina, são claros quanto a isso. As medicações farmacológicas vieram para orientar esses tratamentos.

O que não se admite hoje em dia, são praticas religiosas adentrando os tratamentos, quer sejam psiquiátricos ou psicológicos consultório adentro. Não existe “cura gay”, nem curas que não sejam reconhecidas cientificamente. O uso de medicações deve ser restrito ao profissional responsável pelo conhecimento adquirido em faculdades e especializações reconhecidas.

Quando um paciente se sente prejudicado por tratamentos que não sejam consagrados ou por psicoterapias que não sejam reconhecidas, há os conselhos (CRM e CRP), para verificar essas adequações e punir caso alguém esteja realizando praticas não reconhecidas pela comunidade.

Espero que nesse artigo e nos próximos possamos passar conhecimentos uteis á sociedade, para não voltarmos ao obscurantismo.

 

  • Jose Rubens Naime – médico psiquiatra-CRM 3102-Votuporanga