Por que aceitamos tão pouco? Por que queremos tanto?

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O título do artigo de hoje deve ter gerado alguma revolta inicial. Sim, eu também me sentiria particularmente ofendida se alguém me dissesse que aceito pouco de algo. Por outro lado, estamos sempre querendo mais. Nada parece suficiente dentro das expectativas que criamos inconscientemente e que encaramos como solução para as tempestades da vida. Porém, se começarmos a analisar, com cuidado, veremos que estamos sempre aceitando um pouco de cada coisa, queremos muito e fazemos pouco para alcançar a plenitude.

Ter a plenitude não é fácil, pois sequer sabemos definir o que nos contenta de verdade. O que seria perfeito para nós? O que nos encheria de alegria? O que nos tornaria mais felizes? A verdade é que o ser humano não se contenta e não consegue observar as mínimas coisas, que tornam sua vida única e belíssima e, portanto, plena.

Cada desafio é encarado como um fardo cruel. Cada dia de trabalho, como um sacrifício. Cada conta a pagar, como um desaforo. Cada atrito, como uma pedra no caminho. Ah!!! Mas o que seria do caminho se não existissem as pedras, já dizia Drummond.

A vida é um eterno aprendizado e nenhuma lição é aprendida com facilidade. Se fosse fácil, não teria graça, pois perderíamos o encanto da vitória. Você se lembra de quando aprendeu a escrever? E aquelas regras da língua portuguesa que insistiam em tirar-lhe aqueles pontos cruciais na prova bimestral. A fórmula matemática que, esquecido um único sinal, acabava por trazer um resultado absurdamente oposto ao esperado pelo professor.

Mas não era somente o professor que esperava um bom rendimento diante de todo o esforço para ensinar o conteúdo. Você também tinha certeza de que havia superado as expectativas até o momento em que recebia as avaliações e constatava que ainda precisava estudar. Pior, às vezes, percebia que teria que correr contra o relógio para recuperar um resultado aquém do esperado. Outras vezes, via seu esforço recompensado com uma nota alta e orgulho em dizê-las em voz alta.

Entretanto algo nessa situação era diferente do que se apresenta hoje na sua vida. Quando jovem, continuávamos tentando e não aceitávamos a derrota. Chegar em casa com um boletim vermelho era a pior delas, quando a referência era sucesso. Lutávamos como se não houvesse amanhã e superávamos toda e qualquer dificuldade, só para ter aquele gostinho especial do “azul”. Ah!!! Aquela caderneta azulada, que servia de troféu para alunos e pais dedicados.

Hoje nos olhamos no espelho e aceitamos o que temos, mas sem perceber que, às vezes, pouco fazemos. Onde foi que perdemos a capacidade de lutar e buscar aquilo que tanto queríamos? Por que começamos a aceitar tão pouco da vida? Muitos irão responder, de imediato, que estão cansados, ou que os desafios que têm hoje em nada se comparam com uma nota vermelha. Ok! Pelo raciocínio lógico, não tem comparação uma coisa com outra, contudo, se analisado pelo contexto de mundo de cada pessoa, em seu grau de desenvolvimento e maturidade, a analogia é perfeitamente lógica, visto que permeia a vida tal como é naquele momento e se relaciona com a ideia de sucesso e fracasso.

Então, por que aceitamos tão pouco? Por que não continuamos com a mesma garra atrás de nossos objetivos? Talvez seja necessário refletir sobre a palavra plenitude. De acordo com seu significado é o estado daquilo que é feito na totalidade, que é integral e completo. Tal qual o universo, que é pleno em toda a sua diversidade e que está em constante movimento, dita-nos as regras da ação constante, nós devemos, por fim, agir em constância e nunca aceitarmos menos do que merecemos. Ou será que você não merece?

 

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã.  Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.