O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?

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O tema do artigo de hoje é, com certeza, uma volta ao passado. Quem nunca ouviu essa pergunta?

Alguns já foram impelidos a ser algo inerente à profissão dos pais ou avós como regra imposta, afinal é necessário manter o nome da família. Outros, grande maioria, eram inquiridos desde tenra idade a escolher uma profissão que sequer sabia o que fazia, mas que traria status e fama. O interessante é buscar na memória quais foram as nossas respostas a essa pergunta, pois, quanto mais pura for, mais perto de um talento natural você estará.

Essa pergunta voltou à minha cabeça recentemente, durante uma conversa despreocupada e informal. Durante esse bate papo, contei uma das coisas que eu mais gostava de fazer durante a infância e, quando eu contar, vocês achar-me-ão atípica.

Aos 5 anos de idade ganhei minha primeira bicicleta. Não vou colocar a marca, mas tinha um nome diminutivo. Aprendi rapidamente como ganhar minha liberdade e o fazia sem pensar duas vezes. Liberdade sempre foi importante para mim.

Nas primeiras horas da manhã, pegava meu veículo e saía para as visitas diárias. Sim! Eu tinha uma rota que fazia todos os dias. O detalhe principal do meu trajeto era: eu seguia todas as normas de trânsito. Nunca admiti andar na contramão ou passar no sinal vermelho. Desde cedo era sistemática na aplicabilidade da lei.

Outra coisa que adorava fazer era conversar e falava com todo mundo que cruzasse o meu caminho. Eu nunca tive vergonha de puxar uma conversa, falar sobre a vida, as coisas que tinham acontecido, o clima. Onde quer que eu estivesse, nunca consegui ficar em silêncio, mas também nunca recusei calar para ouvir uma boa história. Adorava aprender com os mais velhos e ouvir seus causos.

Relacionado às conversas, tinha grande interesse por ouvir quem falava bem. Não riam porque isso é real. Eu juro! Mesmo com aptidões para as ciências exatas, acordava muito cedo, inclusive aos finais de semana, para assistir telecurso e, o meu preferido, professor Pasquale Cipro Neto na rede Cultura. Nem tinha idade para telecurso ou aulas de gramática avançada, mas adorava ver aquele professor ensinar o uso da linguagem com uma suavidade e firmeza que me encantavam.

Sim! O discurso sempre esteve às voltas comigo. Foi preciso parar para ouvir minha criança interior e divagar sobre minhas reais habilidades que exercitei a memória para buscar o que eu gostava e fazia com maestria.

Em se falando de discurso, assistia a toda propaganda política que passava na TV. Lembro-me que minha mãe desligava e eu, na sequência, ligava a TV, sentava-me para ouvir as promessas dos candidatos. Sabia, de cor, cada proposta feita por eles, mas, principalmente a maneira de interlocução que usavam. Absolutamente a coisa mais atípica para uma criança.

Por fim, amava as artes. Música e dança corriam pelas veias como se fossem sangue. Meus presentes escolhidos sempre foram os discos. E não pensem que eram músicas infantis, eu gostava dos clássicos da MPB e internacionais antigas. Além disso, adorava desenhar e fazia isso com relativa facilidade. Meus desenhos favoritos sempre foram as frutas e paisagens praianas.

Enfim, por que eu contei tudo isso? Ora, a resposta é simples. Quando pensar que não está satisfeito com seu serviço, que seguiu um caminho trilhado a contragosto, ou ainda que desgostou daquilo que escolheu como profissão, lembre-se de quando era criança e do que gostava de fazer, ou fazia com muita facilidade. Ali existem talentos natos que, talvez, não tenham sido nutridos de maneira que se revelassem uma vocação.

Tudo isso serviu para responder as perguntas que eu me fiz durante boa parte da vida: para que eu sirvo? Sou boa em quê?

Se você está se perguntando isso, revisite sua criança e procure lembrar-se dos seus sonhos mais profundos. Tente observar se, aquilo que você fazia com facilidade, não está (in)diretamente fazendo na profissão que escolheu. Se estiver na dúvida, pense sobre tudo isso e descubra seus talentos, nutra-os de alguma forma e seja feliz. Para tal, desejo a você uma excelente viagem ao passado.

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã.  Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.