MEDO E FÉ – QUAL É O CAMINHO?

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Enfim, uma coluna exclusiva ante à minha criação para o jornal da minha cidade do coração. Responsabilidade ímpar diante dos diversos assuntos possíveis e viáveis nos dias de hoje. Por certo, o nome da coluna gerou-me dúvidas, mas com auxílio de um grande amigo, logo encontramos a melhor definição para nomear este espaço. Alegoria que, de maneira figurada, representa a expressão ou interpretação dos pensamentos e das ideias. Uma metáfora para a interpretação subjetiva da vida. É assim que vejo essa oportunidade: interpretar os acontecimentos da vida e explanar sobre os mais diversos assuntos que, porventura, venham a fazer parte das indagações cotidianas dos leitores.

Mas saibam, escrever não é tarefa fácil. Ainda mais difícil quando a intencionalidade por trás do texto visa ampliar, quiçá transformar, crenças embutidas no inconsciente humano, inclusive no meu. E, ao admitir que tal tarefa consiste em um grande desafio, aceito que há uma dualidade entre medo e fé. Dessa forma, por que não escrever sobre esse sentimento tão presente na vida das pessoas?

O medo e a fé carregam o mesmo estigma. Não sabemos de onde surgem, mas ambos estão presentes, impulsionando ou freando nossas atitudes e motivações. São como polaridades, ora positiva, ora negativa, que vão moldando nossos passos. Ainda pior quando a polaridade negativa assume o posto principal, impedindo nosso crescimento, paralisando e provocando procrastinação. As dúvidas que pesam sobre essa discussão é: até onde o medo é ruim? Como saber quando ele é maior que a realidade?

Imaginem-se preparando uma longa viagem e tentando antecipar todos os desafios do percurso. Compram um mapa rodoviário e iniciam uma pesquisa sobre todos os percalços que estarão presentes na estrada. Buracos, reformas, pedágios, bloqueios e desvios. Tudo, absolutamente tudo deve estar devidamente sinalizado para uma viagem tranquila. Isso seria possível ou impediria que você seguisse o seu caminho para usufruir do tão sonhado descanso? É assim que o medo age, de maneira sorrateira e desprentesiosa, impedindo-nos de seguir pela estrada da vida.  É assim que a vida é. Não existe caminho perfeito. O que existe é a fé de que conseguiremos chegar ao nosso destino de maneira segura.

E é, neste momento, que a fé entra em nossas vidas, para nos fazer acreditar, experenciar e atravessar as adversidades com a audácia e coragem de um cavaleiro real e a inocência de uma criança. Sem vibrar na fé, sequer nos levantamos da cama pela manhã. Ter fé implica uma atitude oposta à dúvida, já que seu significado denota confiança, crença e credibilidade. A origem da palavra vem do grego “pistia”, que significa acreditar. Já o latim “fides” remete à fidelidade. Mas aí surgem mais duas dúvidas: Acreditar em quê? Ser fiel a quem? Ora, ter fé é algo inerente ao ser humano. Mesmo nos não devotos, há uma fé em algo que os motiva a seguir em frente. O importante desses dois questionamentos é entender que a fé vem de dentro, basta alimentá-la, tal qual a parábola do lobo. Conta a história que todos nós temos dois lobos: um mau, que representa os sentimentos ruins, e um bom, representando os sentimentos mais edificantes do ser humano. Saber qual dos lobos estamos alimentando, diz muito sobre o caminho que estamos percorrendo e o significado que damos às nossas vidas.

Ter fé, portanto, é confiar nas próprias capacidades. Entender que estamos aptos a vencer desafios, sejam eles quais forem, e seguir em frente buscando subir mais um degrau na nossa evolução pessoal, profissional e espiritual. É confiar no processo e ter esperança de dias melhores. Tudo o que acontece em nossas vidas ocorre para alcançarmos nossa melhor versão. Se o medo aparecer, analise a situação com responsabilidade, pois ele é necessário para direcionarmos nossos esforços e não tropeçarmos na ousadia de pensar grande demais. Contudo, siga em frente, tendo em mente que ele nunca poderá ser maior que a sua fé. Acredite nos seus valores, no seu propósito de vida e vá em direção à sua ascensão com determinação. Se você não acreditar em você, ninguém vai.

Com este texto, encerro a divagação do dia, e que motivou minha primeira coluna. A proposta é ser útil ao caro leitor. Se eu tivesse alimentado o meu medo, teria perdido a oportunidade de oferecer essa reflexão tão necessária e, talvez, incluir em sua mente o questionamento que finaliza o artigo: E você, prefere ter medo ou ter fé?

 

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã.  Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.