O Banco Central anunciou na última reunião do Copom a manutenção da taxa básica de juros, a taxa Selic, em 15% a.a.
O cenário internacional é desafiador, com muito estresse marcado pela ascensão do neoprotecionismo e por guerras comerciais. Isso demanda que nós tenhamos uma política monetária alinhada à conjuntura internacional e que fomente o nível de atividade doméstica.
Quando nós olhamos a tendência inflacionária, vemos que há em curso um processo de desaceleração, com o IPCA convergindo para a meta. Não há descontrole inflacionário, e não há fundamentação econômica que justifique uma taxa de juros nesse patamar. Além disso, acreditamos que o tarifaço anunciado hoje pode, inclusive, produzir um efeito positivo sobre a inflação, em especial nos produtos como café e carne bovina, que exportamos aos Estados Unidos.
Diante dessa conjuntura, a nossa preocupação é a manutenção da taxa de juros nesse patamar. O Brasil tem uma das maiores taxas reais de juros do mundo. A manutenção da taxa Selic em 15% nessa conjuntura irá prejudicar os investimentos, o consumo das famílias; aumentará o custo do crédito e afetará diretamente o nível de atividade econômica do país.
Nesse momento é necessário produzir um movimento endógeno de crescimento econômico. Há uma preocupação muito grande em relação à política fiscal, com o cumprimento da meta de superávit primário, mas devemos lembrar também que a própria política monetária contracionista produz um impacto direto sobre a política fiscal por meio do serviço da dívida. Com a taxa de juros em 15%, inegavelmente o esforço para cumprir a meta fiscal é muito maior.
*Por Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS)