- MEMORIAL DE INDIAPORÃ –
Cachoeira dos Índios – local onde foi construída a Hidrelétrica de Água Vermelha
– A ORIGEM –
A Região Oeste Paulista teve seu grande marco histórico com exploração da área mais ou menos no ano de 1882, quando foi fundada a cidade de Tanabi, a qual era a cidade mais próxima onde se vendiam porcos e compravam açúcar, sal, farinha e outros gêneros de primeira necessidade. A partir de São José do Rio Preto, depois Tanabi, em seguida Álvares Florence, a qual foi o fim da linha da marcha para os sertões paulistas por muitos anos. De Álvares Florence, seguia-se por estradas boiadeira e precárias até o Porto do Taboado, divisa do Estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul. Nas imediações do Ribeirão Santa Rita, hoje atual cidade de Fernandópolis, e São João das Duas Pontes, se instalaram algumas famílias, as quais tinham uma grande quantidade de terras na região. Dali iniciava-se um corredor de boiadas rumo ao Porto da Quiçaça, que atravessava para o triângulo mineiro, nas imediações de Monte Alto, hoje Alexandrita, Estado de Minas Gerais. Este o motivo pelo qual o Triângulo Mineiro ter sido povoado antes da nossa região. O visual que os mineiros tinham das matas naturais, altas, de um colorido verde-escuro, cheio de animais silvestres, davam a ideia de terras muito férteis, que certamente poderiam dar grandes lucros em pouco tempo. Isso fez com que fossem adquiridas grandes glebas de terras na margem esquerda do Rio Grande (Estado de São Paulo). Duas famílias de latifundiários mineiros adquiriram terras nesta região: a família Diniz e a família Queiroz. A família Diniz se fixou nas imediações dos córregos da Divisa, Ribeirão Pádua Diniz, Córrego da Aroeira e Capituva, e a família Queiroz nas imediações dos córregos da Água Vermelha, Lageado, Formoso e Ribeirão Santa Rita.
O PIONEIRISMO E A OCUPAÇÃO
Em 1913, partindo do vilarejo denominado Ribeirão Claro, hoje atual Guapiaçu, o senhor Manoel Dutra de Sant’Anna. Foi atraído pelas benesses que ofereciam o sertão paulista. Partiu com espírito desbravador para as margens do Rio Grande, nas imediações do Ribeirão Água Vermelha, próximo ao Salto da Água Vermelha. Primeiramente fez a viagem de reconhecimento, a cavalo, pela estrada boiadeira que ligava São José do Rio Preto ao Porto Taboado, passando por Monte Aprazível, Tanabi, Marinheiro e Ribeirão Santa Rita, seguindo na margem deste ribeirão até a desembocadura no Rio Grande, onde havia um porto rudimentar que só tinha canoas para atravessar passageiros. Ali, encontrou um canoeiro que o conduziu até o ponto onde se encontrava a terra prometida. Olhou, gostou e fechou o negócio, baseando-se no mapa da gleba de terras que pertencia à família Queiroz, mas comprou só 1.900 alqueires. Depois retornou a Ribeirão Claro, organizou a mudança e, em 1914 se pôs a caminho para tomar posse da nova propriedade. O meio de transporte utilizado foi o carro-de-boi. O senhor Manoel Dutra de Sant’Anna tinha oito filhos, mas apenas quatro o acompanharam na mudança, depois de algum tempo os outros vieram. Chegando aqui, instalaram-se na barra dos córregos Formoso e Lageado, local onde residem até hoje seus descendentes. Nas idas e vindas à Tanabi, o senhor Manoel Dutra de Sant’Anna encontrou um senhor chamado Belarmino Ferreira, que conversando, falaram onde moravam. Manoel na região do córrego do Formoso e Belarmino na margem do Ribeirão Marinheiro (hoje Santa Izabel e Álvares Florence). Discutiram as posições e chegaram à conclusão de que era possível fazer uma estrada que, além de diminuir a distância para senhor o senhor Manoel alcançar a Vila, as duas famílias poderiam se avizinhar. Aí, combinaram a estratégia e, ao voltar à sua casa, o senhor Belarmino ateou fogo no sapezal que ficava no varjão do ribeirão, perto de sua casa. Manoel Dutra observou ao longe uma fumaça. Como havia organizado um mutirão entre parentes e vizinhos, marcharam naquela direção, utilizando-se de dois carros-de-boi, munidos de machados, enxadão, traçador, material de cozinha, espingarda, facão, alguns cachorros, margeando o Ribeirão Água Vermelha, descobrindo o córrego Barreirão. Logo adiante, atravessaram o Ribeirão Pádua Diniz e ao chegar ao córrego Estiva, descobriram que não estavam sozinhos. Depararam-se com outros aventureiros que estavam morando naquelas paragens. Era o senhor João Ignácio de Souza e família que conversando com senhor Manoel Dutra, se inteirou do assunto, e juntando-se ao grupo foram em frente, seguindo pelo Córrego do Barro Preto, Córrego do Angico, Córrego das Pedras e finalmente a alegria de encontrar, conforme o combinado, a família do senhor Belarmino Ferreira. A partir daí, estabeleceu-se um novo roteiro para as famílias Sant’Anna e Ignácio de Souza. O senhor João Ignácio de Souza viera para a região do Córrego da Estiva em 1920, adquirindo 200 alqueires de terras. Sendo um dos primeiros moradores da região, fixou residência às margens do córrego, batizando-o com o nome de Córrego da Estiva, devido a uma grande estiva de madeira feita por eles para enfrentar o atoleiro que se formava no local. O senhor João Ignácio e sua família vieram de Olímpia. Os meios de transportes utilizados foram carros-de-boi, cavalos e éguas. Com eles trouxeram, cachorros, porcos, galinhas, armas de fogo como carabinas, espingardas, cravinotes, cartucheiras, revólveres, garruchas, etc. Caçavam animais em defesa própria e para combater as onças que atacavam os animais domésticos, os quais causavam danos e prejuízos às famílias. Os primeiros trabalhos realizados foram abrir estradas, com ferramentas manuais tais como: foice, machado, enxadão, tudo com auxílio dos carros-de-boi. Depois, com o aumento da população, foi montado um sistema de mutirão para construção de capelas, cemitérios, pontes e outras benfeitorias. O senhor João Ignácio de Souza participava de todos estes eventos e ainda socorria as pessoas que ficavam doentes, transportava mercadorias para servir a comunidade e também hospedava os viajantes. A produção era quase toda utilizada para o consumo próprio e o que sobrava era comercializado em Tanabi, São José do Rio Preto e Barretos, transportado com carro-de-boi, e no retorno trazia sal, querosene, arame, pregos, ferramentas e outros. A abertura de estradas fez com que o acesso à região se tornasse mais acessível. A partir daí, chegaram diversas famílias, como: Cândido Marques, Martins, Oliveira, Ferreira da Costa, Izidoro Pereira, Quintino da Silva, Maldonado, Vieira, Faria, Arantes, Amorim, Moreira Gonçalves, Feliciano Rodrigues, Souza, Urquiza Nogueira, Ribeiro, Bonifácio, Azambuja e outras, que vieram de varias regiões, tais como, Minas Gerais, Paulo de Faria, Riolândia, Barretos e São Paulo. Os solos férteis para a lavoura foi o principal atrativo para que essas famílias viessem para a região. É importante salientar que nesta época a principal fonte econômica do interior era a agricultura. Todas as famílias que aqui chegaram tinham um mesmo ideal: investir na região, vela-la prosperar e construir família. E para isso não mediram esforços. Tudo era feito em mutirão com muito sacrifício, estradas, casas, etc.
A PRIMEIRA VILA
A primeira vila foi fundada em 12 de maio de 1938, nas proximidades da barra do Ribeirão Água Vermelha, pelo senhor Valério Luís e recebeu o nome de Itaporã que na língua indígena Caiapós significa “Pedra Bonita”. Itaporã logo foi povoada. Os primeiros moradores foram Valério Luís e José Veiga de Araújo, o farmacêutico, Faustino Moreira Gonçalves, José Cesário, Otaídes de Castro, o botequeiro Nicola, o pedreiro que construiu a primeira capela de Itaporã e Vicente Baptista, o dono da 1ª venda, o qual transportava toda a sua produção em carros-de-boi para vender em Tanabi e trazia mercadorias para sua venda em Itaporã. A escola foi feita de pau-a-pique pelo senhor Vicente Baptista, e o primeiro professor foi José Florentino Muniz.
FUNDAÇÃO DO POVOADO
A região já contava com um número razoável de pessoas e famílias. Todos imbuídos por um mesmo ideal. Até que em 08 de Agosto de 1939, três jovens: Hipólito de Moura, Alcides Borges e Francisco Leonel Filho combinaram de comprar do senhor Luiz Antônio do Amorim, conhecido popularmente por Luiz Caetano, uma gleba de terra. A ideia era que, com estas terras, formar um patrimônio no interior paulista, que posteriormente se transformaria em uma cidade. O senhor Luiz Antônio do Amorim, animado pelo mesmo ideal, disse que faria uma doação do terreno da praça central, a qual levaria, em homenagem póstuma, o seu nome, e que o restante seria loteado e vendido. Na época, eram 94 datas de terras cujas propriedades eram 47 contribuintes, e a escritura lavrada no Cartório de Registro Civil de Monte Aprazível, sob o número 14.021. Em 1º de Janeiro de 1940, houve um mutirão para roçar o local onde seria a praça da capela. Compareceram 22 pessoas com foices, machados, enxadões e enxadas que fizeram a roçada, arrancaram os tocos e marcaram o local de capela, em seguida, fizeram uma cisterna. Neste dia houve pagode durante a noite toda.
O FIM DE ITAPORÃ
Com a fundação de Indianópolis, Itaporã foi se esvaziando pouco a pouco, até que se acabou de vez. A igreja foi demolida e seus tijolos reaproveitados na construção da capela do cemitério de Indiaporã.
CRIAÇÃO DO DISTRITO
Os sonhos e ideais não paravam por aí. Acreditavam no potencial e progresso da região. Até que em 24 de Dezembro de 1948, através da Lei Estadual nº 233, Indianópolis foi elevada à categoria de Distrito de Paz, pertencente ao município de Fernandópolis, com empenho do senhor Francisco Leonel Filho, auxiliado pelo Deputado Estadual Antônio Sylvio Cunha Bueno e, a partir daí, passou a ser chamada de INDIAPORÃ, que na linguagem tupi-guarani, significa “Índia Bonita”, em homenagem aos índios Caiapós, que viviam nas proximidades do Rio Grande, mais precisamente na cachoeira denominada “Cachoeira dos Índios”. A cada meta alcançada, novos ideais surgiam. Não estavam contentes só com o Distrito de Paz. Já sonhavam e acreditavam na possibilidade de um município. Incansáveis, foram à luta.
CRIAÇÃO E EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO
Em 30 de dezembro de 1953, através do Decreto Lei Estadual, sob nº 2.456, Indiaporã foi elevado à categoria de Município, desmembrado do município de Fernandópolis. Sua instalação verificou se no dia 01 de janeiro de 1955. A primeira eleição aconteceu em 1954, elegendo o senhor Djalma Castanheira, o primeiro prefeito municipal, empossado no cargo em 1º de Janeiro de 1955, juntamente com a Câmara Municipal, composta de 09 vereadores. Segundo o historiador Adelino Francisco do Nascimento comemora-se em 12 de maio o aniversario de Indiaporã, pelo uso e costume da época, já que esta foi a data de fundação da primeira vila em 1938. De lá até os dias atuais, foram muitas conquistas, homens e mulheres incansáveis buscam a cada dia melhorias para o município.
Fonte: Memórias de Indiaporã
Autor: Adelino Francisco do Nascimento
Gentílico: Indiaporãense
(Memorial dos Municípios)
Galeria de prefeitos
Djalma Castanheira 1955 à 1958
Claudio Ribeiro Corrêa 1959 à 1962, 1967 à 1969, 1973 à 1976 e 01/01/1997 à 31/12/2000
José Oliveira de Souza 1963 à 1966
Júlio Roberto de Sant’anna 1970 à 1972
Demétrio Marques de Oliveira 1977 à 1982
José Carlos Santana 1983 à 1988
Odete Theodoro Corrêa 1989 à 1992
José Carlos Santana 01/01/1993 à 31/12/1996
Ricardo Desidério Silveira Rocha 01/01/2001 à 31/12/2004 e 01/01/2005 à 31/12/2008
Fernando César Humer 01/01/2009 à 31/12/2012
Elaine Alvares Silveira Rocha 01/01/2013 à 31/12/2016 e 01/01/2017 à 31/12/2020
OBS.: O Sr. Djalma Castanheria, foi o primeiro Prefeito de Indiaporã.
Desfile Cívico na já emancipada Indiaporã na década de 70
Imagem de índios Caiapós, semelhantes aos que habitavam a região de nos anos 30
PRAINHA – Atualmente o município de Indiaporã faz parte do MIT (Municípios de Interesse Turísticos)