Alberto Martins Cesário, professor e escritor
Enquanto a política faz palanque, a educação continua a ser tratada como um detalhe…
Olá, caro leitor, caro professor, e todos aqueles que sabem, no fundo, que a educação deveria ser a coluna vertebral do nosso país. Quero abrir esta conversa com uma reflexão sincera: quantas vezes você, professor, se sentiu sozinho na sua sala de aula, segurando um mundo inteiro nos ombros, enquanto lá fora a conversa parecia girar em torno de tudo — menos da educação?
Estamos em uma época em que a política se tornou um show de vaidades. Palanques montados, discursos inflamados, promessas vãs. E a educação? Fica ali, esquecida num cantinho, como um detalhe incômodo. Como se ensinar fosse um mero ato mecânico, e não a essência do desenvolvimento de qualquer sociedade. Mas aqui estamos, nós, professores, resistindo. E é sobre isso que quero falar hoje: resistir e acreditar.
Pense comigo: a sala de aula é, talvez, um dos últimos espaços onde ainda se constroi um futuro de verdade. Cada criança que passa por nós carrega um potencial gigantesco. São pequenos cientistas, artistas, engenheiros, escritores, cuidadores, cidadãos do mundo. E quem tem o privilégio de acender essa faísca? Nós. Isso é muito maior do que qualquer política pública mal elaborada ou descaso governamental.
Sim, é verdade que nossos desafios são imensos. Falta estrutura, falta formação continuada, falta respeito. Às vezes, falta até papel para imprimir uma atividade. Mas também falta uma coisa que nós, professores, podemos ajudar a resgatar a certeza de, acreditar no poder transformador do que fazemos.
Não é à toa que muitos de nós já se pegaram pensando: “Por que eu ainda estou aqui?”. A resposta está naqueles olhos brilhantes que enxergam em você uma fonte de inspiração. Está naquele aluno que, depois de tanto esforço, finalmente consegue ler a primeira frase. Está na consciência de que cada pequeno gesto seu pode mudar a vida de uma criança para sempre.
Quando olhamos para as políticas públicas destinadas à educação, percebemos que é urgente encarar uma realidade desconfortável. Francamente, o que acontece fora da sala de aula desafia qualquer noção de prioridade. Nós sabemos que a educação não é vista como um pilar essencial no Brasil. Muitas políticas são criadas mais para impressionar do que para realmente funcionar. E, frequentemente, quem toma as decisões não compreende o que significa estar em uma sala de aula com diversas crianças, cada uma com suas necessidades, sonhos e desafios. Não sabe o que é tentar ensinar quando o telhado da escola está caindo ou quando falta até o lanche mais básico.
Os discursos políticos adoram falar sobre “futuro” e “oportunidades”. Mas não há futuro sem uma base sólida, e essa base se constroi nos anos iniciais da educação. É ali que ensinamos nossas crianças a ler, a interpretar, a pensar. E como fazer isso com salas superlotadas, professores mal remunerados e uma valorização que muitas vezes só existe no papel?
A educação precisa sair dos discursos e entrar na prática. Políticas precisam ser feitas com base em quem realmente entende do assunto: nós, professores. Não precisamos de programas mirabolantes; precisamos de condições reais para trabalhar.
E quando falamos de esperança, estamos falando daquela força que nos faz seguir em frente, mesmo quando tudo parece desmoronar. Ela não é apenas o que nos move, é o que nos conecta à crença de que nosso trabalho pode, sim, mudar vidas e transformar realidades.
Sabe, apesar de tudo, eu acredito — e quero que você acredite também que a educação em nosso país tem esperança. Porque educar é mais do que transmitir conhecimento. É formar pessoas. É ensinar empatia, resiliência, coragem. É plantar sementes que, mesmo em solo árido, podem florescer.
Eu sei que, muitas vezes, você se sente exausto. Que é difícil carregar tanto peso sozinho. Mas quero lembrar você de algo importante: nós não estamos sozinhos. Existem milhares de outros professores como você, lutando a mesma luta, enfrentando os mesmos desafios. E juntos, somos mais fortes.
Há algo poderoso em acreditar naquilo que fazemos. Porque quando acreditamos, inspiramos. E quando inspiramos, transformamos.
O futuro que desejamos construir está presente em cada pequeno gesto que fazemos hoje. Se você precisasse de um lembrete do porquê escolheu essa profissão, aqui vai: você está moldando o futuro. Cada aula que você prepara, cada palavra de incentivo que você oferece, cada vez que você escolhe ver o potencial de uma criança está praticando um ato de resistência. E essa resistência é mais poderosa do que qualquer palanque político.
Então, meu convite hoje é para que você continue acreditando mesmo quando as coisas parecerem impossíveis. Mesmo quando o cansaço ameaça te vencer. Porque o que você faz importa. E muito.
Que possamos transformar nossas salas de aula em espaços de esperança e revolução e, juntos, mostrar ao mundo que a educação não é um detalhe. É tudo.
Agora, quero ouvir de vocês: o que mais podemos fazer para continuar acreditando e resistindo? Como podemos, juntos, fortalecer a educação e inspirar as futuras gerações?
Você não está sozinho nessa jornada. Estamos todos juntos. Porque educar é um ato de coragem. E coragem é o que nós temos de sobra. E é justamente com essa coragem que podemos provar que o mundo pode mudar, porque cada atitude, por menor que pareça, tem o poder de inspirar uma nova realidade. A educação transforma, e quem acredita nela transforma junto. Vamos, juntos, fazer a diferença.
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