DIA DA CIDADE – Isso Aconteceu… Dados para a história de Votuporanga.

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Primeira Missa foi rezada pelo Padre Izidoro Cordeiro Paranhos

Se passamos uma vista de olhos, pelos velhos mapas do Estado de São Paulo, nos idos dos tempos de 1920 a 1930, vamos encontrar uma vasta faixa de terra, coberta de matas, região pouco conhecida e quase desabilitada. Apenas uma estrada, a Boiadeira, que atravessa as terras da Fazenda Viradouro, dava acesso ao Porto Taboado nas barrancas do rio Paraná, na divisa de Mato Grosso ao município de Barretos, passando por Tanabi e São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo. Ao longo desta estrada encontravam-se alguns moradores que garantiam as posses de terras para si e para terceiros.

A denominação Viradouro vem de ser aí encontrado o último morador e dai voltarem as mascates que percorriam a região, sendo quase impossível e perigosas a penetração pelo sertão adentro.

Não se conhece a denominação do nome “Marinheiro” dado à gleba, não se sabendo por quem e por que. As informações de antigos ocupantes da gleba alegam que a denominação Marinheiro tenha sido por encontrar-se na região grande quantidade dessa madeira, que muito leve, boia na superfície da água, outra versão é que nas margens do Ribeirão que tomou também esse nome, morou por muitos anos um desertor da Marinha de Guerra, aqui falecido. Por mais que se tenha pesquisado não se conhece até hoje a origem da denominação de Marinheiro dado a terra onde está situada Votuporanga.

A divisão da fazenda Marinheiro de Cima, ocorreu pelo Cartório do 2º Ofício de São José do Rio de Preto, teve partilha homologada em 1914.

O titulo nominal vem da posse de João Antunes de Oliveira em 1856. A divisão deu quinhões a José Eurico Pinto Machado e esses transmitiram ao engenheiro Prescilliano Pinto de Oliveira e ao Coronel Franscisco Schmidt. Até o ano de 1936 essas terras passaram a ser propriedade da Companhia Agrícola Schmidt, era administradas por Mariano Braga que residia na sede da Fazenda e que aqui faleceu no ano de 1951.

Por escritura pública de doção em pagamento lavrada nas notas do 11º Tabelião da Capital, aos dois de dezembro de 1936 e registrada no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Monte Aprazível, sob número 5.950, Theodor Wille e Cia Ltda, adquiriu essa área pertencente à Cia Agrícola Franscisco Schmidt correspondente aos 11.339 alqueires paulistas.

As terras eram férteis cobertas de matas onde abundavam o angico, cedro, faveiro, e muita aroeira, que se perdiam pelos campos. Depois de Tanabi que era a sentinela avançada do ultimo sertão paulista, só se encontrava depois Igapira que se chamou também Marinheiro, Monteiro, hoje Álvares Florence. Depois dessa vinha Indianópolis, hoje Indiaporã, junto à Cachoeira dos Índios.

Os que de Rio Preto demandavam as barrancas do Rio Grande e Paraná, o faziam pela antiga estrada Boideira, e a mais ou menos 10 quilômetros, de onde hoje se situa a sede do município de Votuporanga, nas terras da Fazenda Viradouro, junto ao Rio São José dos Dourados.

Erguia-se um aglomerado de casas que se denominava Vila Carvalho. Tem esse nome por ter sido seu fundador o Coronel Felício de Carvalho, um dos primeiros desbravadores desse sertão. Aí faziam ponto os boiadeiros que conduziam boiadas de Mato Grosso para São Paulo. Nessa lendária estrada existiram, até chegar a Porto Taboado, diversos pousos.

Desses ainda se conhece o de Vila Carvalho e ou de Santo Antonio do Viradouro, além do Porto Taboado, onde a travessia era feita pela balsa dos sucessores do Coronel João Alves Lara.

Em 1937, a firma Theodor Wille e Cia Ltda, resolveu lotear as terras adquiridas e para aqui mandou o engenheiro Guilherme Von Trumbach, que localizou o patrimônio, traçou a planta e começou a vender as datas. Nessa época contratou como engenheiro agrimensor Osório Erichsen Guimarães o levantamento e loteamento geral da gleba. Contratou com o senhor Carlos Helvin a concessão de vendas que por sua vez encarregou os corretores Brás Vita e Albanezi para a vendas das mesmas. No dia 8 de agosto do mesmo ano, ergueu no Largo uma cruz de madeira dando inicio da formação da Vila.

Nesta solenidade além do Engenheiro Guilherme Von Trumbach e Carlos Helvin compareceu como representante da firma Theodor Wille e Cia Ltada, o Dr. Osvaldo Sampaio, presentes também os senhores Sebastião de Almeida Oliveira, Serventuário do Cartório de Registro de Pessoas Naturais de Tanabi, que foi quem escolheu e idealizou o nome de Votuporanga para nossa cidade.

O Padre Izidoro Cordeiro Paranhos rezou a primeira Missa, e estiveram presentes inúmeras pessoas, entre elas, Dr. Otávio Rippel, João Arcossi, Hugo Meneguim, Demétrio Acássio de Lima, Germano Robach, diversas senhoras, além de moradores vizinhos.

Tiveram início então as vendas de datas do novo patrimônio e de lotes para cultura que começaram a ser adquiridas pelos compradores que na ânsia de se localizarem melhor, para aqui se transportavam de todos os recantos do Estado, na esperança de conseguiram à custa do Amanho da terra a melhoria de vida desejada, também pequenos negociantes se localizaram na nova vida, instalando casas comerciais, hotéis, pensões, açougues e até um cinema foi construído pelo senhor Manoel Ramalho Matta, um dos homens progressistas que Votuporanga contou para o seu desenvolvimento.

  • LEOMAR – 19/09/1981 – Jornal A Vanguarda

 

Entre as personalidades da época, determinantes para a fundação de Votuporanga: Carlos Hiller, Senador Sampaio Vidal, Guilherme Vom Thumbach e Otto Ritte

 

No dia 8 de agosto de 1937, ergueu no Largo uma cruz de madeira dando início da formação da Vila.

 

Estrada entre Tanabi e Votuporanga, os desafios eram constantes