DEPENDÊNCIA EMOCIONAL X DEPENDÊNCIA NATURAL

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As relações sempre são foco de discussão e dúvidas. As pessoas sempre estão buscando o relacionamento perfeito, estilo conto de fadas, onde suas maiores aflições sejam solucionadas pelo aparecimento de um príncipe (ou princesa) e haja completa sintonia entre ambos, complementando-se e integrando-se em uma só alma. Romântico, não?!

O que ocorre, na verdade, é, muitas vezes, um endeusamento da pessoa amada, a criação de uma expectativa idealizada, a sublimação das relações sem reciprocidade. Ora, somos seres humanos e, como tais, devemos partir do princípio da imperfeição. Não existe par perfeito, assim como não existe parceiro ideal ou relação completa. São apenas formas de romantizar a realidade.

Percebo que esse tema insiste em rondar-me e, quando menos espero, alguém se aproxima querendo desabafar ou procura um atendimento, trazendo para a discussão o outro. E sem perceber, quem traz a dúvida é impelido a mergulhar em um processo de autoconhecimento, pois não há como falar do outro sem olharmos para nós mesmos.

O pior dos cenários é quando nos deparamos com a dependência emocional. A necessidade de validação externa, seja do companheiro(a), amigo(a) ou familiar, e frequentemente, está associada às questões de infância. Modelos de mundo criados a partir das experiências vividas até então e que vão se tornando a única forma de comportamento viável.

Quando há dependência emocional, a pessoa anula sua própria essência, suas vontades e seus desejos mais intrínsecos. Tudo isso para satisfazer a vontade do outro e ser aceita naquela relação. Os elogios do outro passam a ser motivadores da própria anulação. O carinho momentâneo recebe valor inigualável. Falar sobre os próprios sentimentos e dores são atitudes que geram culpa e acabam por minar qualquer tentativa de exposição de suas vontades, de seus valores e de seus desejos.

Por outro lado, existe a dependência natural, tendo em vista que não podemos viver sem a interação humana. Ela é saudável e necessária para a manutenção da nossa saúde mental e precisamos construir vínculos para isso. Perceber a diferença entre o apego normal e o nocivo é o que diferencia essas experiências.

E como diferenciar uma coisa da outra?

Vale a pena refletir na sua capacidade de impor limites, de dizer não, de entender a finalização de ciclos e relacionamentos, aceitar a perda de algum bem material, enfim, expor-se de maneira saudável e de modo a manter-se bem, sem negligenciar sua essência. Porém, ao questionar-se, verifique se há um paralelo saudável em suas interações. O detalhe está na palavra reciprocidade.

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã.  Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.