A gente vive em um ritmo tão acelerado que, muitas vezes, nem percebe o quanto está entregando de si mesmo por aí. Um clique aqui, um cadastro ali, um CPF na farmácia, um telefone deixado “só pra confirmar o pedido”… E pronto: seus dados já estão circulando.
Mas você já parou pra pensar quem tem acesso a essas informações?
Ou pior: o que podem fazer com elas se caírem nas mãos erradas?
Em tempos de vazamentos frequentes, ligações invasivas, golpes e uso indevido de dados até para fins de saúde, essa é uma preocupação real — e mais próxima do que parece, inclusive em cidades como Votuporanga.
Por isso, a pergunta mais importante não é “por que pedem meus dados?”, mas:
“O que eu posso fazer para evitar que eles sejam usados sem meu consentimento?”
A resposta começa por um ponto fundamental: os dados são seus.
Isso mesmo. Seus dados pessoais te pertencem. E se alguém quiser coletar, usar, armazenar ou compartilhar essas informações, precisa da sua permissão, justificar a finalidade e garantir segurança.
Tudo isso está previsto na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que vale para qualquer empresa — da multinacional ao comércio local.
Mas como se proteger, na prática?
Aqui vão caminhos simples e eficazes:
- Pergunte antes de entregar qualquer dado.
Seja em uma loja, consultório, farmácia ou site, questione:
“Pra que vocês precisam dessa informação?”
“Vão usar como? E com quem ela vai ser compartilhada?”
Se a resposta for vaga, fuja. - Leia o básico dos termos.
A gente sabe: ninguém gosta de ler aqueles textos longos. Mas tente, pelo menos, identificar se há explicação sobre uso dos dados, tempo de armazenamento e contato do responsável pelo tratamento das informações. - Não entregue mais do que o necessário.
Cadastro pra comprar um produto físico e pedem seu RG? Formulário de site que exige telefone só pra baixar um conteúdo gratuito? Cuidado. Dado demais, sem necessidade clara, é sinal de alerta. - Se desconfiar, peça para excluir.
E aqui vale reforçar: você é o dono dos seus dados.
A empresa não tem direito automático de mantê-los para sempre.
Você pode pedir, a qualquer momento, que eles sejam excluídos — e a empresa é obrigada a responder.
Se ela ignorar, demorar ou se negar a cumprir, você pode (e deve) acionar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
A lei está do seu lado. - Dê preferência a empresas que respeitam a LGPD.
Simples assim. Se uma empresa trata seus dados com transparência, te informa claramente e te dá opção de escolha, ela merece seu voto de confiança.
Se não, pense duas vezes antes de consumir ali.
Em Votuporanga, por exemplo, já é possível perceber quem está se adequando — e quem ainda faz de conta que a LGPD não existe. - Converse com outras pessoas sobre isso.
A cultura da proteção de dados só vai se espalhar se mais gente estiver atenta. Compartilhe o que você sabe com colegas, amigos e familiares. Ensinar alguém a se proteger é tão importante quanto se proteger.
E não, você não precisa ser especialista
Você não precisa entender de tecnologia, nem de direito digital.
Basta entender isso: dados pessoais são valiosos. E a lei está do seu lado.
Se uma empresa quiser coletar, guardar ou usar suas informações, ela precisa jogar limpo.
Não importa se é uma startup de São Paulo ou a farmácia da esquina da sua cidade.
LGPD vale pra todos. E proteger seus dados é uma obrigação de quem os coleta — não só sua.
Conclusão
Evitar que seus dados caiam em mãos erradas não exige paranoia, nem isolamento digital.
O que exige é consciência.
Consciência de que seus dados têm valor.
De que respeitar sua privacidade é obrigação, não favor.
E que você tem direito de perguntar, recusar, apagar e escolher com quem quer se relacionar — inclusive como consumidor.
Proteger seus dados pessoais, no fim das contas, é um jeito direto de proteger sua liberdade, seu tempo e sua paz.
*Christiano Guimarães – Consultor em Segurança da Informação
*Autor do Livro: Como Adequar Minha Empresa à Lei Geral de Proteção de Dados – Um Guia Prático