Abel chora ao falar da família e indica como decidirá futuro no Palmeiras: “O melhor para nós” 

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Abel Ferreira se emociona em entrevista ao Esporte Espetacular — Foto: Reprodução

Técnico revela em entrevista exclusiva como a presença de sua esposa e filhas influenciam positivamente em sua trajetória no Verdão, que deseja renovar contrato até o fim de 2027.


Abel Ferreira não conseguiu segurar as lágrimas ao falar sobre sua família durante entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular, da TV Globo. O técnico demonstrou como viver com a esposa e filhas no Brasil tem um papel importante na sua longevidade à frente do Palmeiras e como isto terá impacto no futuro de sua carreira, pois o contrato com o clube se encerra em dezembro.

“Família para mim é tudo. E eu em determinado momento da minha vida, enquanto treinador, fui muito egoísta. Porque eu só pensei em mim e não pensava neles. Eu quero ser treinador, eu quero ganhar títulos, porque eu nunca tinha ganho um título grande como jogador”, relatou o treinador, que em coletiva neste domingo indicou que deve renovar com o Verdão.

“Eu achava que se ganhasse um título ia ser feliz a vida toda. Então pus de lado um pouquinho o acompanhar as minhas filhas e a minha família. Deixei-os em Portugal e fui para a Grécia. Estava completamente obcecado pela parte do treino, do treinador. Dedicar todo o meu tempo, porque há um preço que se paga para chegar. Só que na altura eu não sabia qual era.” 

“Quando o pai ganha, é dos outros, quando perde é deles (família)”, disse, com os olhos cheios de lágrimas. 

Depois de iniciar sua trajetória como treinador no Braga, de Portugal, Abel aceitou assumir o Paok, na Grécia, em 2019. A esposa Ana e as filhas Inês e Mariana não o acompanharam, assim como não seguiram o técnico logo que ele assumiu o Palmeiras, em 2020. 

Só depois de quase dois anos de trabalho no Brasil, um país conhecido pelo alto número de troca de treinadores, Abel se sentiu seguro a fazer a mudança da família. Desde então, sua esposa e filhas o acompanham, inclusive nos Estados Unidos, assistindo à Copa do Mundo de Clubes. 

“Quando saio da Grécia e venho para o Brasil, mesmo contra a opinião deles, em busca desse título, e nós ganhamos a Copa (do Brasil) e ganhamos a Libertadores. E vocês lembram-se muito bem aquilo que eu disse: sou melhor treinador, mas sou pior pai, pior marido, pior filho e nos momentos em que tu estás sozinho, tu começas a perguntar a ti qual é o teu sentido da vida.” 

“Depois de falar com a Leila, e ela tem parte muito importante neste processo, que é o ter a família comigo. Eu não vou trocar o Palmeiras agora para o outro lado, sem a família estar comigo. Custou-me tanto de ter a família comigo”, contou. 

Com a família totalmente adaptada em São Paulo/SP, Abel deixou claro na entrevista que não serão apenas ele e seu empresário os responsáveis por escolher o próximo passo de sua carreira. 

O contrato com o Palmeiras vence em dezembro, e a presidente Leila Pereira já iniciou tratativas para renová-lo até o fim de 2027. Ele mesmo indicou que deve permanecer no clube na próxima temporada. 

“Já pensei muito em mim mesmo e agora chegou o tempo não de pensar em mim, de pensar em nós. O que é melhor para nós? E depois a gente, juntos, resolve. O maior título que eu ganhei aqui foi conseguir ter a minha família três anos comigo a assistir às derrotas, às vitórias, porque quando tu perde, eles vão estar sempre lá em casa para ti”, completou. 

Ao ser perguntado sobre uma decisão quanto ao futuro, o técnico apenas respondeu que é o “aqui e agora”. Dentro do Verdão, contudo, há a confiança de que Abel aceitará a proposta para renovar e continuar com sua família no Brasil. 

As conversas só serão retomadas após a Copa do Mundo de Clubes, torneio em que o Palmeiras pode sacramentar a classificação para as oitavas de final ainda nesta segunda-feira, diante do Inter Miami, em Miami.  

Além do Verdão invicto, os times brasileiros têm roubado a cena neste início de competição nos Estados Unidos, com vitórias em cima de europeus e desempenho elogiados. Surpresa para muitos fora do país, mas não para o comandante alviverde. 

“Já estive do outro lado e vou dizer honestamente. Eu, como europeu, quando ligava, não gostava de ver jogos no Brasil. O futebol brasileiro é como ver uma corrida de Fórmula 1 na chuva. Tem carros que podem dar 350 km/h, mas não podem passar de 200 km/h”, comparou. 

“Brasil não é um país, é um continente. Tem um calendário com jogos de dois em dois dias, ver duas equipes cansadas, o ritmo é mais lento. O gramado não ajuda, ainda mais lento é. Tecnicamente, para mim, o brasileiro é o melhor do mundo. Mas temos que criar as condições.” 

“Os brasileiros conseguem ser competitivos, têm chances, todos os 32 que estão aqui, têm. Uns mais, mas todos têm chances. Para mim, sendo estrangeiro a treinar no Brasil, é um orgulho”, concluiu. 

*Com informações do ge