Por Roseli Arruda
Um dos maiores desafios dessa pandemia que o mundo está enfrentando é manter a saúde mental, mas como conseguir esse equilíbrio diante de um fluxo de informações, falsas ou verdadeiras, circulando todos os dias? Paralelamente a pandemia, somos alvos também da infodemia que é a superabundância de informação que produz em nós sensações de aflição e pânico.
A infodemia está sendo usada como uma nova linguagem política minuciosamente estruturada, marcada por uma comunicação denominada de “campanha permanente”, que ocorre principalmente nas redes sociais. Trata-se da adoção de métodos com a ativação constante da militância virtual para defender uma ideologia atacando ferozmente qualquer situação. A divulgação de notícias falsas, conhecidas como fake News, pode interferir negativamente em vários setores da sociedade, como por exemplo, a política e a saúde.
O objetivo dessa forma de comunicação, marcada por informações enganosas e desencontradas e muitas vezes pela exaltação de um personagem político é provocar o “contágio” emocional e obter respostas viscerais do público – como raiva, medo, desorientação, desespero e indignação.
O monitoramento das reações das pessoas é registrado em tempo real pelas redes sociais como o Twitter, Facebook e Instagram, hashtags, grupos de compartilhamento de conteúdo e através de plataforma própria de vídeos contendo mensagens que emocionam.
A estratégica central da infodemia para alcançar o êxito é a desinformação geral, a confusão psicológica ocasionada pelas batalhas nas redes sociais e a constante instabilidade emocional provocada diariamente pelos exércitos virtuais. Vivendo dentro dessa instabilidade proposital num momento gravíssimo de isolamento social, as pessoas ficam vulneráreis e são facilmente influenciadas.
Aqueles que manipulam as redes sociais, de acordo com os próprios interesses, conduzem as conversações online, roubam a atenção dos usuários, geram uma opinião pública artificial, distraem ou desviam conversas ou críticas para longe de questões importantes; estimulam a divisão e polarização da população, organizam campanhas de difamação, fomentam ambiente de controvérsia, transformam a gravidade da pandemia num pandemônio insano, cruel.
Os anabolizantes virtuais usados como campanhas permanentes e suas hashtags conseguem atingir a sua principal finalidade que é a irracionalidade da opinião pública a tal ponto que chega a ser inviável a possibilidade de qualquer contra-ataque racional.
Enquanto nós brigamos uns com os outros, a disseminação de mensagens distorcidas online com o uso de automação e inteligência artificial tem consequências gravíssimas pessoais, familiares, sociais, políticas e culturais.
Os chatbots são programas básicos de software com um pouco de inteligência artificial e habilidades de comunicação, são usados para enviar mensagens no Twitter com base em um alvo, geralmente definido na rede social por uma palavra precedida por um símbolo de hashtag.
As fake news, são usadas apenas para criar boatos e reforçar um pensamento, por meio de mentiras e da disseminação de ódio. Dessa maneira, prejudicam-se pessoas comuns, celebridades, políticos e empresas. Até mesmo profissionais de saúde brasileiros que combatem a covid-19 afirmam que as suas rotinas têm sido afetadas por conflitos com pacientes e familiares de doentes que se deixam levar pelas mentiras divulgadas nas redes sociais.
Na política é a mais potente arma mundial que usa e abusa dessa munição, verdadeira peste dos tempos atuais caminhando lado a lado com a pandemia, com inimaginável poder de fogo semiótico, não para o benefício da população, é claro, mas intencionalmente para confundir cada cidadão e mantê-lo subjugado, doente, apático, miserável e escravizado.
* Roseli F.de Arruda – Escritora/biógrafa