A ESCOLHA DO CANDIDATO DA GRANDE MÍDIA E A DUALIDADE MORO – DÓRIA
Por João Eduardo de Lima Carvalho –
Em todo o planeta (que não é plano), a mídia possui políticos prediletos. Em alguns países, essa predileção é bem clara, isto é: o editorial expressa, diretamente, sua preferência por esse ou por aquele candidato e o melhor exemplo disso é a grande mídia dos EUA em que determinado jornal tem preferência pelos Republicanos e outro tem pelo partido Democrata. Isso é normal em democracias bem consolidadas e não há nada de errado nisso, pelo contrário.
Tradicionalmente os grandes conglomerados dos meios de comunicação no Brasil, o que chamamos carinhosamente de grande mídia, possui um candidato geralmente com ideologia ligada ao liberalismo econômico, menos impostos, menos direitos trabalhistas, menos assistencialismo estatal, menos promoções de políticas públicas, ou seja, a cartilha liberal clássica da Centro-Direita brasileira. Nas últimas eleições presidenciais, grande parte conglomerado da mídia nacional tinha o costume de apoiar candidatos ligados ao PSDB (tinha uma ou outra exceção, mas a maioria apoiava os tucanos). A grande novidade, porém, é que esses mesmos conglomerados, desta vez não demonstram apoio ao candidato tucano ao Palácio do Planalto, João Dória. O “candidato” dos grandes veículos de comunicação é, indubitavelmente, o ex-Juiz Sérgio Moro. E por que?
Moro representa o ideário do pensamento liberal conservative no Brasil, além de ter sido magistrado (o que no Brasil, um país em que a população se apega a determinados cargos, geralmente da cúpula do poder judiciário, é um ponto de referência social) e claro, ter sido o “responsável” pela prisão do Ex-Presidente e atual Pré-Candidato a Presidente da República, Lula. Não importa se ele foi parcial neste processo, não importa se ele aceitou ser Ministro da Justiça do candidato beneficiado com a prisão de Lula. O que importa, para o médio brasileiro, é que ele foi Juiz e, para a maioria da população brasileira, Juiz é algo próximo a Deus. Moro consegue reunir várias características importantes para a Grande Mídia e para o movimento liberal no geral: foge de temas polêmicos, generalista, punitivista, oriundo da alta cúpula do poder judiciário, vaidoso e, claro, um sujeito que precisa de publicidade a todo custa (basta analisar sua postura como magistrado na infame Operação Lava-Jato (ou Vaza-Jato).
Nas últimas pesquisas, Moro briga pelo terceiro lugar com Ciro Gomes, um experiente político que já serviu em diversos cargos e já participou de várias disputas eleitorais e fica na frente de pessoas como Eduardo Leite (Governador do RS –PSDB), João Dória (Governador de SP – PSDB) e Simone Tebet (Senadora pelo MS – MDB). Apesar de “novato” o cenário Eleitoral (não no Político), Moro aparece com mais pontos que essas três conhecidas e experientes figuras. Seu partido, nesta esteira, é um “camaleão” no cenário político, que tenta agregar tudo que for possível. Tamanha é a “falta de forma” do PODEMOS que, recentemente, houve até discussão acalorada dentro de um grupo de WhatsApp (chamado Apoio ao Sérgio Moro, que conta com membros como Deltan Dallagnol e o Senador Álvaro Dias) envolvendo o próprio Moro e Wanderlei Dedeco (líder da greve dos caminhoneiros de 2018 e provável candidato a Deputado Federal pelo Paraná pela mesma sigla) e o motivo a discussão foi a falta de propostas para a categoria, o que prova o título de candidato “generalista” dito anteriormente.
De qualquer forma, nos próximos meses, a grande mídia tentara melhorar a imagem de Moro, mostrando todas as “qualidades” (se é que ele tem alguma) que tem a oferecer e, por consequência, amenizar os danos causados pela “quebra-de-braço” com Jair Bolsonaro quando Moro deixou o cargo de Ministro da Justiça.
É interessante ver como a grande mídia se adapta ao calor eleitoral, de modo que é obvio que o apoio a Moro e não a Dória seja pelo fato de o Governador de São Paulo “não ser o ideário de liberalzinho da Faria Lima”, ele é. Mas Moro tem um potencial de crescimento que Dória não tem. Eis o motivo da escolha, não é ideologia (tanto não é que os dois flertam uma unificação das chapas, o que seria orgástico para a Grande Mídia) o motivo da escolha é o pragmatismo.