Prezado amigo leitor!
O mundo contemporâneo nos trouxe e continua a nos trazer profunda evolução digital, tecnológica e cultural (exceto nesse país tropical), dentre outras evoluções materiais significantes.
Em virtude disso, muitas situações ou procedimentos que outrora eram exageradamente burocráticos, arcaicos ou morosos, passaram a ser simplificados e ágeis.
E isso é saudável e salutar!
A evolução material é inerente ao progresso da humanidade (ou, ao menos, deveria sê-lo).
Tudo tem constantemente se transformado, nesse interim, em desenfreada velocidade.
Até no que concerne aos estudantes, concurseiros e intelectuais, tal contexto tem se aplicado: hoje, a demanda, é pelo conhecimento objetivo, prático e descomplicado.
Até aqui, tudo isso é louvável!
O problema surge quando observamos a FORMA COM QUE O SER HUMANO TEM SE COMPORTADO, nesse contexto, nessa “era da velocidade”.
Noto que a grande maioria das pessoas, e até a sociedade como um todo, NÃO têm conseguido separar tais celeridades daquilo que cada qual o deve ser, num contexto natural e pessoal.
Contaminadas por esse ritmo alucinante, as pessoas estão se atropelando e se auto atropelando!
Quase tudo e todos estão intolerantes, irrequietos, afoitos e agitados, in extremis!
Não a toa, hoje, as doenças cardiovasculares são as que MAIS MATAM NO MUNDO!
Vivemos a “era do “pra ontem”: inseridas nesse doentio cenário, as pessoas, em todos os ramos, níveis sociais e nos mais diversos contextos, querem tudo pra ontem!
Já não há mais espaço para a paciência, a resignação e a tolerância. É tudo pra ontem!!! E já!!!!!
Esse imediatismo desenfreado, tem adoecido o ser humano, não só no aspecto físico, mas, também, no emocional e até social.
Temos vivido em constante flerte com a mais insana velocidade!
Tudo e todos correm, correm correm, correm. Tão somente correm! Para onde?
Muitas vezes, essas débeis correrias são totalmente desnecessárias.
As pessoas e a sociedade simplesmente aderiram a essa imbecilidade!
Sabem para que? Apenas para acelerar, ainda mais, a passagem para o outro lado da margem!!!
Em outras palavras mais simples: tudo isso, apenas para antecipar a MORTE!
Entendo ser mais do que passada a hora de parar, respirar, desacelerar, e que cada qual profunda e verdadeiramente entenda o porquê de sua existência e o sentido da própria vida (embora, a meu ver, essa não tenha um sentido definido).
Urge que façamos um movimento de DESACELERAÇÃO!
Vale frisar que o capitalismo selvagem contribui, em muito, para esse contexto, pois vende a ideia da necessidade do consumo desenfreado e doentio, de a toda hora modificar o contexto das coisas.
Veja-se, por exemplo: hoje, mal se adentra no ano 2021, já se estão comercializando carro de 2022!
Essa velocidade, a impelir o consumo brutal, sob pena de se “ficar para trás”, inevitavelmente contribui, em muito, para isso que chamo de “delírio social”.
Saiamos, pois de tal delírio e loucura!
Voltemos para dentro de cada um de nós!
E você, amigo leitor? Após essa profunda reflexão, vai desacelerar ou continuar a acelerar sua partida para o mundo oculto?
Vale refletir!
Nilson Caligiuri Filho – advogado, escritor e colunista do Diário